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Nós por nós

Relatos dos alunos e alunas que participam e participaram do Projeto Hospitalidade.

Relato da extensionista Juliana Scaciota

No início, quando entrei para fazer parte do Projeto Hospitalidades não tinha muita noção do que faríamos para definitivamente ajudarmos os migrantes em seu dia a dia.

            Muitas vezes saio frustrada do Projeto, achando que podia fazer muito mais. Mas em muitos momentos, somente a nossa presença aqui já é de uma ajuda grande para os que comparecem na sala 28. Em alguns momentos tudo que um migrante precisa é um local seguro para desabafar, colocando em evidência suas angustias, suas magoas, os sonhos que deixou para trás e que hoje, em muitos momentos, não podem ser retomados. O que fazemos é nada mais que tentar retomar esses sonhos, encaminhar aqueles que comparecem ao Projeto para novos objetivos, atender algumas das suas expectativas, mas nem sempre isso é o suficiente.

            Durante este um ano e meio que participo do Projeto vários migrantes compareceram e foram importantes para que eu realmente me importasse com as suas questões e quisesse realizar algo para modificar esta triste realidade. Porém, a história que mais me marcou até o momento foi a de uma venezuelana que compareceu ano passado para realizar a sua inscrição no processo de revalidação. A princípio o seu caso era algo simples. Ela era formada em Direito, tudo o que queria era praticar a advocacia no Brasil. Quando ela me falou isto, a dificuldade começou a crescer, afinal, ela não teria que apenas revalidar o seu diploma, ela deveria prestar a prova da Ordem dos Advogados do Brasil para então exercer a sua tão desejada profissão.

            Lembro até hoje que quando contamos sobre a nova dificuldade, ela virou para nós e respondeu que mesmo que tivesse que realizar 30 provas ela não desistiria do sonho de ser uma advogada, que quando ela saiu da Venezuela era para buscar algo além de uma vida segura, era para conseguir conquistar seus sonhos e que não seriam algumas provas que a separariam de atingir este objetivo.

            Durante todo o processo de revalidação do ano passado essa mulher compareceu todas as segundas-feiras para não perder nenhuma alteração, sempre perguntando sobre novidades, mesmo que explicássemos que ela poderia ter todas as informações pelo site do Núcleo de Concursos da UFPR.

            No final, ela não conseguiu a sua revalidação em 2016, ela nos contou que a prova estava extremamente difícil, mas que no ano seguinte ela tentaria novamente. E foi exatamente isto que aconteceu, este ano ela se inscreveu novamente. Espero que ela passe e consiga estar um passo mais perto de realizar o seu sonho.

Relato da extensionista Anna Luiza

Durante esses primeiros seis meses participando do projeto, pude realizar diversos atendimentos a migrantes refugiados e com visto humanitário. Um dos casos mais marcantes para mim foi o de uma cubana que chegou ao Brasil há pouco tempo, sem sua família. Ela obteve diploma de graduação em seu país de origem, mas, como existe a necessidade de revalidação do diploma para que ela possa exercer sua área de especialização, ela estava trabalhando como vendedora em uma loja e recebendo uma quantia ínfima, que bastava apenas para atender suas necessidades básicas.  Diante de seus relatos, percebemos que ela estava enfrentando momentos difíceis decorrentes da sua vinda para nosso país, mas ainda assim, quando perguntamos se ela sentia saudades de seu país natal, ela disse que não, e que, apesar das dificuldades, preferia estar aqui, pois se sentia melhor e mais segura. Após ouvir sobre sua história e o que ela estava enfrentando por aqui, eu e outra participante do projeto fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para ajudá-la. Em primeiro lugar, repassamos para ela as informações sobre o processo de revalidação e explicamos como o procedimento se dava – essas informações sabíamos de antecedência, pois a professora Tatyana tinha nos ensinado sobre o assunto e sobre o procedimento. Fizemos cópia do diploma e do histórico das disciplinas da graduação para que pudéssemos encontrar o curso brasileiro correspondente ao dela para ter certeza de que ela poderia se inscrever no processo de revalidação. Quanto à questão empregatícia, apesar de estar um pouco fora do nosso âmbito de atuação, organizamos uma lista de escolas de idioma nas quais ela poderia tentar se candidatar para ensinar Espanhol e, também, fizemos anúncios sobre aulas particulares de Espanhol e espalhamos pela universidade. Outra coisa que fizemos foi fornecer a ela as informações do projeto de aulas de português, pois, como ela havia chegado há pouco, ainda não falava a língua muito bem. Não tivemos mais contato com ela e por isso não sabemos se nossa ajuda rendeu frutos nos outros aspectos, apenas vimos uma foto na qual ela estava participando da aula de português em uma matéria sobre o Programa; apesar de nossa participação nessa questão ter sido mínima, por só termos passado para ela as informações do curso de português, ficamos felizes ao saber que tínhamos contribuído.

A maioria dos migrantes atendidos por nosso projeto busca pela revalidação do diploma de graduação ou pelo ingresso na universidade (tanto na graduação quanto no mestrado). Sempre passamos as informações do processo de revalidação, explicando detalhadamente como funciona. Quanto ao ingresso na universidade, geralmente, elaboramos um e-mail explicativo sobre como se dá o processo de seleção. Em ambos os casos, sempre nos dispomos a mandar um e-mail ou ligar quando o processo for iniciado para que o migrante possa conseguir se inscrever. Além disso, desenvolvemos o trabalho de consulta no CONARE sobre a situação do pedido de visto de dos migrantes que solicitam por isso e informamos a eles sobre como está o andamento do processo. Quando se inicia o período de revalidação do diploma, além de comunicar os interessados, recolhemos as informações e documentos dos candidatos e sempre mandamos e-mails informativos sobre as próximas etapas do processo.  Muitas vezes os pedidos estão fora da área de nosso conhecimento ou de nossa possibilidade de auxílio, como, por exemplo, um migrante que reside há anos no Brasil estudando e queria conseguir a nacionalidade, nesses casos, fazemos pesquisas sobre o tema para que possamos explicar melhor para o migrante e/ou tentamos descobrir quem pode efetivamente resolver a situação. Apesar de às vezes a solução parecer simples, como informar sobre como funciona o processo, para os migrantes, que tiveram sua vida radicalmente alterada e se encontram em um país cuja língua e costumes são diferentes – e, muitas vezes, não tendo ninguém conhecido por perto – é fácil perceber a relevância que nossa ajuda tem em suas vidas. Poder ajudar essas pessoas que estão passando por uma série de dificuldades e que não têm com quem contar, é extremamente gratificante e é o que torna o Programa tão especial.

Os professores coordenadores do projeto sempre nos mantém atualizados sobre os procedimentos que devemos seguir. O que eles nos ensinam é aplicável para a maioria dos casos. Quando nos deparamos com situações que fogem do que aprendemos, tentamos contatá-los para saber o que fazer, ou, em casos mais simples, pesquisamos e tentamos descobrir por nós mesmos as informações necessárias.

Minha experiência pessoal com o projeto, muito mais do que me render conhecimentos extras na minha área de graduação, me fez perceber o quanto a situação dessas pessoas que saem de seus países para poderem ir em busca de uma vida melhor é complexa e o quanto eles merecem nossa atenção e auxílio. Num país como Brasil, cuja população é uma mistura de descendentes de nacionalidades diversas, a questão migratória deveria ser tratada com maior importância e é isso que o projeto tenta fazer. Me sinto feliz em ter a oportunidade de ajudar essas pessoas.

Relatório do extensionista Gabriel Curi

1. Breve Descrição do Atendimento

            O atendimento realizado visa atender as necessidades mais básicas dos migrantes e refugiados que chegam ao Brasil, que por muitas vezes não falam português e não sabem os primeiros passos a serem seguidos quando chegam ao país. A barreira da língua é de difícil transposição, de modo que o trabalho realizado pelos voluntários do curso de letras, que ensinam português aos migrantes, é fundamental, já que a comunicação efetiva é pressuposto basilar para que o migrante possa, a despeito de todas as demais dificuldades, se estabilizar. As demandas transitam por entre vários níveis de necessidades, desde as mais básicas, como orientação de onde podem conseguir abrigo para passar a noite, até as mais refinadas, como ingresso em programas de pós-graduação e naturalização.

2. Principais Problemas

            Os problemas giram em torno principalmente da falta de documentos que permeia a realidade dos migrantes, em especial dos refugiados, o que dá azo à resistência ainda institucional que pretende impedir que o estrangeiro se valha de seus direitos constitucionalmente garantidos. Resistência esta que também se configura como um problema a ser enfrentado, já que o atendimento no projeto depende de políticas oferecidas por terceiros – por vezes não muito dispostos a ajudar – o que impede a efetiva solução das demandas apresentadas.

3. Caminho da Solução

            A solução das situações enfrentadas no dia a dia do projeto depende em grande parte da mudança da mentalidade que permeia a sociedade em geral em relação à onda de migrações e refúgio que atualmente se configura. O elemento estranho ainda assusta as pessoas e gera uma xenofobia intrincada em meio ao imaginário social, o que dificulta a efetiva tutela dos problemas enfrentados pelas pessoas atendidas pelo projeto. A extinção dessa mentalidade protecionista, que vê o migrante como um perigo em potencial, é requisito básico para que as pessoas que saem de seus países – muitas vezes sem ser essa sua vontade – e chegam a outro sejam recepcionadas e tenham seus direitos preservados como qualquer outra pessoa que goze do status de nacional daquele país, já que é extremamente descabido que alguém não seja digno de direitos basilares pura e simplesmente porque não tenha um vínculo de nacionalidade com o país no qual reside, ou passou a residir. 

4. Encaminhamento

            O encaminhamento sempre é feito visando a resolução mais rápida e efetiva dos problemas trazidos pelos migrantes ou refugiados. Seja orientando em relação às aulas de português oferecidas, seja tramitando a burocracia necessária ao ingresso na Universidade, seja encaminhando à autoridade competente, como nos casos de naturalização, o atendimento no projeto busca auxiliar os migrantes e refugiados a superarem as barreiras encontradas e que os separam da efetiva tutela de seus direitos, a fim de que a experiência da migração ou do refúgio – e principalmente a do refúgio – que já é traumática por si só, possa ser, ainda que pouco, atenuada e simplificada.

5. E Você?

            A experiência no projeto abre um universo de novas realidades que, mesmo muito próximas de nós, ainda estão escondidas às margens do quotidiano e passam despercebidas em meio à visão ainda xenófoba e protecionista que se luta para modificar. Os relatos somam um imenso arcabouço de vidas paralelas e que enfrentam problemas tão singulares, e poder ajudar essas pessoas a alcançar direitos que lhe são tolhidos por puro preconceito e apatia é realmente uma experiência ímpar e que deve ser incentivada, a fim de que se atenue a dor de fugir de seu país de origem, ao menos oferecendo um lugar seguro para se refugiar.

Relato da extensionista Silvana Hoshino

A parte mais interessante do projeto é o contato com as pessoas que sentam à nossa frente, pensar que elas trazem consigo uma bagagem cultural que muitas vezes difere em muito da nossa. Infelizmente, o meu horário de atendimento não é muito movimentado, por ser terça-feira à noite. Ainda assim, pude sentir um pouco dessa experiência. Tive que praticar o meu inglês (ligeiramente enferrujado) quando um nigeriano chegou na sala, falou com muita dificuldade algumas palavras em português (ele não estava no Brasil há muito tempo) e recorreu ao “Do you speak English?”.

            Em linhas gerais, o atendimento ocorre da seguinte maneira: ficamos à disposição para atender as demandas que são trazidas pelos imigrantes. Normalmente são pedidos simples, como acompanhamento da inscrição no processo de revalidação do diploma.

            Uma das maiores dificuldades que encontramos é saber como exatamente ajudar. Como as pessoas que estão comigo no mesmo horário são novatas no projeto, não temos o total conhecimento de como funciona o processo de imigração e todas as suas burocracias. Assim, frequentemente recorremos à pesquisa online, o que possibilita a familiarização com editais e sites de competência oficial.  Além disso, como já comentei acima, temos a barreira da língua e as dificuldades de entendimento, o que não é tão grave, pois à medida que conversamos, podemos esclarecer o desejo.

            Na maioria dos casos que tivemos, foi necessário apenas encaminhar a pessoa para o órgão responsável ou buscar informações nos editais, como no processo de revalidação dos diplomas na Universidade Federal do Paraná. Quando em dúvida, recorremos à professora Tatyana, que indicou os procedimentos a serem seguidos.

            Quanto ao que o projeto significou para mim, já relatei nos primeiros parágrafos desse texto. O contato com diferentes sotaques, nacionalidades e histórias é realmente impactante. Um dos melhores momentos desse semestre foi uma roda de conversa promovida durante a Semana do Imigrante. Nesse evento tive a máxima compreensão do que tudo isso significa. Um dos imigrantes relatou a sua experiência, como ele teve que abandonar não apenas família e amigos, mas oportunidades e sonhos em seu país. Creio que senti o que chamam de empatia ao imaginar como seria passar pelo mesmo.  

Relato da extensionista Aline Bispo

O atendimento aos migrantes e refugiados é feito em grupo mediante a orientação da professora Tatyana, que nos organiza de acordo com as disponibilidades inerentes a cada aluno em tarefas específicas. Tal organização tem por finalidade maximizar a utilização do tempo e do espaço para resultar em uma excelente recepção aos interessados, bem como, por outro lado, atingir o pico da produtividade na realização das pesquisas de resolução de questões práticas/ materiais nas áreas de Direitos humanos, refúgio, migração e apatridia no Brasil.

          A principal problemática enfrentada pelo projeto é não dispor de parcerias por exemplo de órgãos, empresas, ONGs para prestar auxílio aos refugiados e migrantes que estão em situação de marginalização e, por isso, não conseguem trabalho e moradia digna para si e/ou seus familiares. O ponto chave da questão é: a necessidade de negociação em busca de parcerias. Entretanto, a ingenuidade e, talvez, a ignorância fazem parecer simples a solução, quando na verdade é um problema crônico no país. O senso comum do brasileiro acolhe os migrantes e refugiados, mas quando estes necessitam e procuram a estabilidade, passam a serem vistos como invasores e concorrentes quando os assuntos circundam o emprego e o direito à cidadania, algo que, sem dúvida, incomoda os naturais. Entende-se, com isso, que as possíveis parcerias podem gerar transtornos as pessoas jurídicas, dificultando muito a relação do projeto com as mesmas.

            Conhecedora dos motivos políticos e ideológicos que trouxeram essas pessoas a buscarem uma nova morada e perspectiva de vida no nosso país, reconheço que me sinto frustrada, pois o projeto anseia por melhor acolhe-los, assim como contribuir a possível quebra desse pensamento retrogrado com a utilização de informações de qualidade através de mídias alternativas, mas não podemos fazer isto sozinhos. Nós precisamos de ajuda financeira, ideológica e humanitária, ou seja, uma verdadeira corrente capaz de ampliar essa visão a contribuir para uma Curitiba melhor e, quem sabe, um Brasil melhor. 

Relato da extensionista Juliana Carniel

Breve descrição do atendimento

Escolhi falar de dois atendimentos, não pela sua complexidade, mas sim pela importância que tiveram para mim. O primeiro deles foi o caso da inscrição de uma migrante na revalidação de diplomas. Ela é venezuelana, formada em direito e já tinha tentado no ano anterior, por isso seus documentos já estavam no sistema então era só fazer a inscrição no site. O segundo foi o de uma senhora síria que já tinha feito a inscrição na revalidação e tinha algumas dúvidas sobre as provas que seriam aplicadas durante o processo. O caso dela é bem conhecido no projeto, tanto pela história de vida dela quanto pelas dificuldades burocráticas, já que ela é formada em Ginecologia e Obstetrícia e tem muitos anos de experiência profissional e na UFPR não se tem um curso específico que seja compatível com o dela, sendo os mais próximos medicina e enfermagem, este último sendo aquele no qual ela está inscrita no processo de revalidação.

Principais problemas

No caso dela, a questão era apenas fazer a inscrição, mas ela ainda não tinha currículo, então tivemos que fazer um na hora. No caso da segunda migrante, ela queria saber quais conteúdos de enfermagem  iriam ser cobrados na prova da revalidação, expressando sua preocupação já que ela ainda tem certa dificuldade com o português e faltava menos de um mês para a prova. Ela ressaltou que era muito pouco tempo para se preparar para a prova, pois ela teria que revisar  alguns pontos que são específicos do curso de enfermagem.

Caminho da solução

No caso da migrante venezuelana, nós apenas encontramos um modelo de currículo e deixamos que ela mesma fizesse, para que ficasse mais “com a cara dela” e não simplesmente um modelo padrão. Nesse ponto nós apenas ajudamos com algumas questões ortográficas. Após isso foi feita a inscrição e repassadas as informações acerca das etapas seguintes do processo.  No caso da migrante, nós procuramos as informações no edital de revalidação e no site do Núcleo de Concursos. A divulgação do conteúdo programático iria ocorrer dali a dois dias, então nossa resposta foi para aguardar a divulgação.

Encaminhamento

Nos dois casos foram  impressas as principais datas do processo de revalidação, inclusive as de divulgação dos editais com o conteúdo programático das provas, juntamente com o site do Núcleo de Concursos. Se tivessem mais alguma dúvida poderiam voltar ao projeto.

E você?

Várias pessoas já tinham atendido a migrante síria anteriormente, e pra mim foi emocionante conhecê-la e tentar ajudar no que fosse possível, pois já tinha ouvido falar da história dela e das dificuldades enfrentadas por ela, com grande força de vontade. O caso da Venezuela me levou a refletir que nem sempre nós precisamos fazer ‘tudo’ por eles, já que a própria busca pela autossuficiência faz parte do processo de adaptação a um novo país, mas sim ajudar com as coisas em que eles realmente não têm ideia de como fazer, funcionando até mesmo uma forma de empoderamento e independência pessoal. Algo que me deixou muito feliz foi que encontrei a migrante da Venezuela em um dos eventos do mês do migrante e ela me reconheceu e agradeceu por ter ajudado ela com a inscrição. Eu sei que o que eu fiz por ela foi algo muito simples, mas o reconhecimento dela me deu mais vontade para continuar. Outra reflexão que tirei dos dois atendimentos foi que, em ambos, contei com o apoio dos colegas que também participam do projeto, seja no mesmo horário que eu ou dos outros dias, porque os atendimentos sempre foram continuados, proporcionando o envolvimento de todos.

Relato da extensionista Jackeline Magalhães

Sou extensionista, no Projeto Migração, Refúgio e Hospitalidade, desde maio. Quando ingressei como voluntária no projeto fui muito bem acolhida por todos que já estavam trabalhando na “Sala 28”. Rapidamente, e com muita atenção, me ensinaram o passo-a-passo do atendimento dos migrantes, refugiados e acolhidos com visto humanitário. Na primeira fase do atendimento, é realizado o cadastro dos que nos procuram conforme sua nacionalidade, essa etapa é realizada durante o primeiro atendimento, e visa facilitar atendimentos futuros, além disso, durante esse processo, conhecemos um pouco mais daqueles que atendemos, e também esclarecemos algumas dúvidas. Realizado o cadastro, o atendimento se volta para os problemas, que são de diversos tipos.

Os pedidos mais comuns que chegam até nós, são de pessoas que iniciaram um curso superior em seu país de origem, e vieram para o Brasil antes da conclusão do curso e desejam reingressar na faculdade para terminar o curso. Também têm aqueles que concluíram um curso superior fora do Brasil e que não podem trabalhar em sua área de especialização devido ao não-reconhecimento do diploma. No primeiro caso, nós extensionistas, temos que auxiliá-los e inscrevê-los no processo de reingresso. No segundo caso, eles são auxiliados no pedido de revalidação de diploma.

Esses dois casos, reingresso e revalidação, são delicados de resolver, pois, o sistema de ensino varia em cada país, e com isso nós temos que realizar uma análise detalhada da grade de disciplinas do curso realizado fora do Brasil e compará-la com o curso pretendido na Universidade de forma que haja equivalência. Pois uma inscrição realizada sem essa análise minuciosa pode levar a não-homologação do pedido, e consequentemente à necessidade de esperar até o ano seguinte, devido ao fato de que são abertos apenas 1 edital por ano para cada um desses processos. No dia 05/07 tivemos, infelizmente, o caso de um venezuelano que teve o pedido de revalidação de diploma não-homologado por um erro na escolha do curso equivalente no Brasil. A Professora Tatyana tentou reverter a situação, mas não tivemos sucesso no caso dele, que terá que esperar o edital de 2018 ou tentar a revalidação pelo sistema Carolina Bori, que não é exclusivo para migrantes, refugiados e acolhidos com visto humanitário, como é o caso desse sistema de revalidação da UFPR.

Outra demanda comum que atendemos diz respeito ao auxílio dos migrantes e refugiados que passaram pelos processos supracitados e que desejam concorrer  à bolsas oferecidas pela Pró Reitoria de Assuntos Estudantis da UFPR. Neste caso, os bolsistas e voluntários no projeto auxiliam os estudantes com a documentação necessária para que eles consigam e bolsa, e, quando acontece de algum pedido ser indeferido é realizada a entrada com recurso.

Além desses problemas, algumas pessoas nos procuram com pedidos muito específicos. Como aconteceu com um migrante, estudante da UFPR, vindo da República Democrática do Congo que se casou através de procuração e que desejava trazer sua esposa, ainda residente em seu país de origem, para o Brasil. Neste caso, foi realizado o preenchimento do formulário para solicitação de visto para Reunião Familiar, que posteriormente foi enviado ao endereço de e-mail rfamiliar.conare@mj.gov.br, a tradução de alguns documentos necessários e a reunião de toda a documentação comprobatória de vínculo familiar e dependência econômica relevante para o caso. Durante esse atendimento tivemos inúmeras dúvidas, pois esse foi o primeiro caso de Reunião Familiar atendido no Projeto.

Para tentar chegar a uma solução nós conversamos com a Professora Tatyana Friedrich, que é a coordenadora do programa, entramos em contato com a Embaixada do país no Brasil, pesquisamos sobre o assunto no site do Ministério da Justiça, depois desse processo nós conversamos muito e conseguimos juntar toda a documentação necessária ao formulário do pedido em um procedimento que durou mais de um mês, e que ainda não foi completamente resolvido, pois ainda o pedido ainda não foi aprovado e a esposa desse congolês ainda não veio para o Brasil.

Estou no início da minha experiência nesse projeto, como disse no início deste relato, me voluntariei em maio e sinto que foi uma das melhores iniciativas que tomei na faculdade. No “Hospitalidade” eu fiz amigos novos, me aproximei mais de colegas de turma que também são extensionistas, venci barreiras, como a timidez, aprendi muito sobre a cultura de diversos países conversando com cubanos, venezuelanos, haitianos, sírios, essa experiência eu sinto que não conseguiria em outro lugar. Em um dos meus plantões eu ajudei um colega também do direito com um documento que ele precisava com urgência, nós conseguimos o tal documento, e eu recebi um abraço tão feliz, tão sincero, que mudou o meu dia. O que fica são esses sorrisos e abraços e agradecimentos, fica também a tristeza de ter cometido um erro pequeno e impactante, como o do venezuelano, que contei aqui e de não conseguir um recurso, e fica também a esperança, de conseguir fazer cada vez mais por mais pessoas.

Relato da extensionista Flávia Roman

Vivemos atualmente em um contexto de globalização e aproximação de fronteiras. Cada vez mais, em meio a um mundo globalizado acentuam-se os fluxos de informações e de pessoas e a questão migratória ganha cada vez mais importância e está diretamente atrelada a questão dos direitos humanos. O Brasil se insere nesse contexto como potencial receptor de migrantes, que buscam uma melhor qualidade de vida, pelos mais diversos motivos, sejam estes o refúgio, a acolhida humanitária ou a simples busca por um recomeço através do trabalho ou do estudo.

No entanto, quando os migrantes chegam ao país, se veem de frente com uma série de desafios, como o preconceito, a barreira cultural, principalmente da língua, a necessidade de documentos, a busca por moradia e por emprego, além dos mais diversos problemas do dia a dia. Desde questões simples às mais complexas precisam ser lidadas e os migrantes se deparam com a falta de informação e a falta de preparo da sociedade, sobretudo das instituições do Estado, para lidar com esses problemas.

 E é nesse contexto que se constrói o Projeto Hospitalidade, buscando nas mais diversas frentes dar o apoio necessário para a acolhida dos migrantes, que muitas vezes se veem sem saída. Os voluntários do Direito lidam dos uma variedade conflitos.. Sejam problemas no trabalho, problemas com documentação, a falta de tato das instituições estatais não preparadas para lidar com a migração, ou a busca pelo ingresso na universidade ou a revalidação de um diploma daqueles que já possuem qualificação, dentre outras, as mais diversas questões são trazidas ao projeto na frente do Direito

No Hospitalidade a questão com que mais se lida é a falta de informação, seja pela dificuldade de acesso ou simplesmente porque os migrantes não conseguem entender aquilo que lhes é passado, e nosso papel é encontrar junto deles uma solução, o mais rápido possível. Isso porque as questões trazidas são na maioria das vezes indispensáveis para que o migrante possa simplesmente conduzir sua vida.

No projeto aprendemos a lidar com as adversidades, a lidar com pessoas dos mais diferentes contextos, a nos comunicar – em todas as línguas possíveis. Somos facilitadores, professores, ouvintes, conselheiros e muitas vezes a última esperança dos migrantes que nos procuram. Ao mesmo tempo nos deparamos com lições de vida e histórias de superação, e a maior gratificação é enxergar como a solução do problema trazido afeta diretamente e de forma positiva a vida de uma pessoa que simplesmente busca uma existência digna.

Relato da extensionista Carolina Pedroso

O Projeto Hospitalidade, desenvolvido na Universidade Federal do Paraná, presta atendimento aos migrantes e refugiados que escolheram o Brasil para recomeçar suas vidas. Ao participar de um programa que tem por objetivo auxiliar pessoas que se encontram nas mais diversas situações de vulnerabilidade, nos deparamos com histórias marcantes que servem de incentivo para continuarmos nessa caminhada.

Nem sempre é fácil. É preciso lidar com muita burocracia, informações desencontradas e, principalmente, falta de empatia pelo próximo.

Os atendimentos são sobre os mais diversos casos: pessoas procurando emprego ou um lugar para ficar, pois não tem moradia; outros desejam voltar a estudar, seja cursando o ensino médio, uma faculdade ou apenas precisam revalidar um diploma obtido no exterior (processo longo e difícil de ser enfrentado). Mas eu gostaria de falar especificamente sobre os casos que mais me chocam: discriminação, racismo e maus tratos sofridos por essas pessoas aqui na cidade de Curitiba, atos que sejam perpetrados pela sociedade de forma geral ou no âmbito de trabalho, praticados por seus colegas e empregadores.

É inconcebível e inadmissível que alguém sofra por ser quem é, pela cor que tem ou pelo idioma que fala. Esses tipos de casos fogem um pouco do nosso âmbito de resolução dentro do Projeto e são encaminhados aos órgãos responsáveis para que sejam tomadas providências legais em determinadas situações. Mesmo que o problema não seja resolvido dentro do Projeto, tenho a sensação de “dever cumprido” simplesmente por estar ali doando meu tempo e capacidade de ouvir histórias tristes e desabafos inesquecíveis.

Acredito que essa seja a maior lição que o Projeto Hospitalidade me ensina a cada novo atendimento: nem sempre vamos conseguir resolver os problemas do mundo ou muda-lo para melhor, mas podemos sim, com pequenos gestos, fazer a diferença na vida das pessoas e, quem sabe com isso, sermos responsáveis por grandes mudanças.

Relato da extensionista Aléxia Andrade

O número de imigrantes tem aumentado no Brasil e a tendência é de que essa movimentação continue. Paralelamente, os países desenvolvidos também passam por um período de dificuldade econômica, mas lá isso resultou em crescentes restrições à entrada de estrangeiros, colocando o Brasil como uma das rotas na busca por melhores condições de vida. Hoje, há a Lei de Migração (PL 2516/15), em substituição ao retrogrado Estatuto do Imigrante, de 1980. Os benefícios dessa inovação se situam numa maior proteção dos direitos humanos, além de promover uma maior dinamicidade e de ser mais moderna, consagrando o Brasil como um centro de acolhida humanitária. Apesar dos avanços, atenta-se para a necessidade de outras mudanças como, por exemplo, a ausência de uma autoridade migratória civil.

Diante dos fenômenos migratórios contemporâneos, o Brasil se encontra na contramão de muitos outros países, primando, na maioria das vezes, por ações que levam em consideração o respeito aos direitos humanos e valorizam a noção de cidadania. De fato, a criminalização da migração irregular não se apresenta como um combate às causas mas sim aos efeitos da crise de migração. O esforço do país deve ser em não marginalizar mais pessoas devido à sua condição de imigrante irregular. A busca pela regularização migratória sempre que possível respeita a noção de migração enquanto um direito humano.

Neste sentido, a atuação no Projeto Hospitalidades tem me permitido uma visão mais humanitária e concreta da situação dos migrantes no país. Os atendimentos, ainda que por vezes sejam obstaculizados pela barreira das diferenças entre os idiomas, nos permitem criar vínculos e acendem uma fagulha em nós pelo esforço em cooperar com o problema daquela pessoa. Reflexo do contexto do mundo contemporâneo, na maioria dos meus atendimentos, encontrei sírios, venezuelanos e haitianos. Pela necessidade de estabilizarem e reconstruírem sua vida econômica e social com urgência em nosso país, a maior demanda encontrada nos pedidos está relacionada ao processo de revalidação de diplomas e reingresso. Insta ressaltar que, por vezes, estes pedidos vêm também acompanhados de anseios secundários, como necessidade de aprender o português, de encontrar emprego, e, nas situações mais graves, busca por algum abrigo em que possam se hospedar. Nosso trabalho é todo em prol da maior emancipação possível do migrante em nosso país, para que consiga reconstruir sua vida e construir uma nova realidade social para ele.

Curial destacar que, devido à grande demanda pela revalidação, a maior problemática notável nos atendimentos decorre desse processo. Neste sentido, ressalta-se que, ainda que haja um procedimento diferenciado para os migrantes com visto humanitário, em sua grande maioria haitianos, e para refugiados, nem sempre esta diferenciação é capaz de superar os problemas causados pela diferença de idiomas, documentos não encontrados ou não compatíveis diretamente com a sistemática da burocratização do país, além do valor cobrado quando não aprovada a isenção de taxas devido a insuficiência de recursos. Diante destas dificuldades, nos vemos imobilizados perante toda uma burocracia e do lapso temporal exigido pelo processo. Neste particular, frisa-se a importância do preenchimento correto das tabelas de controle e das fichas de informações com o máximo de detalhes possível para permitir um rendimento máximo dos atendimentos.

Por fim, mister sobrelevar o crescimento pessoal que o projeto tem me acrescido enquanto ser humano. A grande lição que se tira da convivência com essas pessoas e suas dificuldades é que, acima de qualquer fronteira e nacionalidade, somos todos humanos, trocando experiências e em busca de um mundo melhor.

Relato do extensionista Douglas Magalhães

Desde Abril de 2017 eu faço parte do Projeto Migração, Refúgio e Hospitalidade ou simplesmente Hospitalidades. Lá nós atendemos refugiados e migrantes com visto humanitário que chegam ao Brasil e encontram dificuldades de adaptação. Nosso trabalho se concentra em questões burocráticas, como a revalidação de diplomas, o reingresso no ensino superior e o acompanhamento da concessão de refúgio, entre outras coisas.

            Neste período em que tenho trabalhado no Hospitalidades, estive diante de várias situações diferentes, mas sem dúvida as que mais me marcaram foram aquelas em que os refugiados buscavam maneiras de reconstruir suas vidas. É o caso de pessoas que faziam faculdade nos seus países de origem e que gostariam de seguir estudando, o que podem fazer através do reingresso, que é um mecanismo na UFPR que dá a oportunidade a refugiados que tiveram seus estudos interrompidos pela fuga para que ingressem num curso equivalente na UFPR e dêem sequência nos estudos. Também é o caso de pessoas que já são formadas nos seus países de origem e que buscam a revalidação dos seus diplomas para que possam seguir sua vida acadêmica ou conseguir um emprego.

            Este tipo de situação me marca de maneira especial, porque contrasta com uma realidade que eu vivo. Assim como eu, essas pessoas viviam em torno da Universidade e de seus estudos, sua vida e seu futuro dependiam diretamente da sua formação acadêmica. E de repente tudo isso se perdeu, pois essas pessoas são forçadas a fugir de seus países e abandonar seus estudos, assim como tudo que faz parte de suas vidas. Para além de toda a dificuldade de fugir, de todas as situações desumanas pelas quais algumas dessas pessoas passam na fuga, as dificuldades de se adaptar no Brasil, os preconceitos, et cetera, a dificuldade de voltar a estudar me faz sentir de maneira mais clara a dificuldade dos refugiados.

Isso porque essa situação certamente faria parte da minha vida se quem estivesse do outro lado da mesa fosse, se eu fosse um refugiado, a volta aos estudos seria a única maneira de ter de volta a vida que tenho. Por isso, sempre que conseguimos ajudar uma pessoa a voltar aos estudos na graduação, ou a revalidar seu diploma, ou ainda a ingressar na pós-graduação, sinto que estou ajudando a fazer por alguém o que gostaria que alguém fizesse por mim se estivesse naquela situação.

Relato da extensionista Géssica Santos

Participar do projeto hospitalidade é participar da vida de refugiados e imigrantes que estão passando por um momento de muitas dificuldades. Nesse sentido, cada história e cada experiência se torna muito tocante para nós, atendentes, que buscamos ao máximo ajudar cada um. Um dos atendimentos que mais me marcou foi um caso de um haitiano que estava morando na rua.

Breve descrição do atendimento:

O haitiano chegou para o atendimento pedindo algum lugar para morar. Logo, fiz o cadastro dele para guardar algumas informações. Antes dele ir para o atendimento, ele foi para o Ministério do Trabalho. Supostamente ele havia ido lá para procurar algum emprego, e foi encaminhado para o projeto porque ele não tinha comprovante de residência. Ele já estava no Brasil desde 2013, fiquei imaginado o que poderia ter acontecido na vida dele desde que chegou ao Brasil pelo fato de estar morando na rua.

Logo, eu e a Mariana, que estávamos cuidando do caso, procuramos na internet os contatos dos lugares que abrigam estrangeiros em Curitiba, inclusive moradores de rua. Ele já havia passado por alguns lugares que pesquisamos, e não aceitaram que ele voltasse. Ligamos para um técnico em assistência social, e também não poderiam fazer nada por ele.

Não sabíamos mais o que fazer. A única coisa que ele queria era trabalhar, mas não podia porque precisava de uma residência. Olhei para ele, minha vontade era de chorar por não conseguir ter feito mais nada para ele, e disse que infelizmente não poderíamos ajudá-lo.

Infelizmente, esse caso não teve resolução. Apesar do nosso projeto ter um grande suporte para atender as demandas, muitos refugiados ainda encontram muitas dificuldades de se adaptarem no Brasil.

Assim sendo, espero que o nosso projeto cresça ainda mais para que possamos ajudar majoritariamente a condição de sobrevivência desses imigrantes e refugiados em Curitiba.

Relato da extensionista Ana Luiza Carvalho

Breve descrição do atendimento.

        Um jovem haitiano que chegara ao Brasil há poucos meses, traz reclamações sobre seu chefe e a forma como era tratado por este.

Principais problemas.

        Ele começou a trabalhar em uma banca de verduras em dezembro de 2016, sendo prometido a ele vale alimentação, vale transporte e salário. Na época, ele ainda estava começando a falar português e não foi firmado nenhum contrato. Apenas em fevereiro de 2017 é que foi assinado um contrato estabelecendo o valor do salário. Porém, o chefe decidiu que não pagaria mais o vale alimentação. Ele tentou conversar com o chefe e este simplesmente afirmou que só pagaria o salário e o vale transporte. O migrante reclamou também da forma como era tratado. O gerente sempre fora desrespeitoso, dizendo que ele deveria sempre falar com ele com a cabeça baixa e nunca poderia olhar em seus olhos. Além disso, o jovem pediu um dia de folga para ir ao médico porque estava sentindo dores no tórax. Foi liberado, mas o médico pediu que ele tirasse mais um dia para retornar ao consultório. Quando ele pede ao chefe mais um dia de folga ele não permite e fala que está demitido, não precisaria mais voltar na banca de verduras. Ele vai ao médico e conta a situação, esse médico conhecia o projeto e nos indicou.

Caminho da solução.

        Pedi ajuda para a professora Josiane para saber quais seriam os direitos do jovem no âmbito trabalhista. Ela disse que o chefe realmente não precisaria pagar o vale alimentação, mas que não poderia demiti-lo pelo motivo médico. Juntando a isso a questão de como o migrante era discriminado, poderia ser aberto um processo trabalhista. Pedimos ajuda no Núcleo de Prática Jurídica da UFPR, mas eles já tinham entrado em férias e só seria formado um novo grupo de alunos que trabalhariam com a área trabalhista no fim de agosto.

Encaminhamento

        Infelizmente, por ora, o caso desse ovem ficou sem solução. Pedimos que ele retornasse em agosto para resolver essa questão. Também dissemos que ele poderia ir até a Justiça do Trabalho e já iniciar o processo. Caso o NPJ volte a atuar antes do previsto entraremos em contato com ele para que ele venha até nós e então possamos concluir o atendimento.

E você?

        Depois de entrar em contato com essa situação aprendi que nem sempre a gente consegue atingir nossos objetivos. Me senti um pouco impotente por não ter mais nada que eu pudesse fazer para resolver o problema. E mesmo com esse sentimento consigo perceber a grande importância do projeto. Se nós não existíssemos, o migrante, provavelmente, não teria nenhum tipo de ajuda, ficaria completamente desinformado sobre seus direitos. Além disso, iniciativas como o Hospitalidade são responsáveis por mudar a forma como as pessoas veem os imigrantes e refugiados. Nós, que participamos do projeto, temos o dever de transformar a visão discriminatória que ainda existe na nossa sociedade. São situações assim que fazem com que a gente valorize todas as oportunidades que temos e ainda teremos.

Relato da extensionista Laura Hartmann

Um migrante nos procurou com a intenção de mudar seu visto temporário, de estudante (sem poder realizar trabalho remunerado), para um visto permanente. Esse visto temporário sempre era renovado, pelos quatro anos em que o migrante, de Angola, está no Brasil. Mas ele queria um visto permanente para poder entrar e sair do Brasil: sua perspectiva – de médio/longo prazo – era voltar pra Angola (segundo ele, onde ele teria mais oportunidades), lá ter seu próprio negócio na agropecuária e então vir ao Brasil regularmente para tratar de negócios. Na verdade, por ter vindo pelo  Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), ele é obrigado mesmo a retornar ao seu país de origem para lá contribuir na área na qual se graduou.

A principal questão era, portanto, a mudança de visto. No caso desse rapaz angolano ter apenas o visto temporário poderia dificultar seu plano de ir e vir de Angola ao Brasil, tornando esse processo mais lento e burocrático, que teria de ser feito a cada viagem. Além disso, seu visto de estudante não lhe permite trabalhar no Brasil.

O angolano, ciente da nova Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017), procurou o nosso projeto para questionar sobre o que essa lei estabelece a respeito do visto permanente: o problema é que a lei não trata disso. Existem, de acordo com a nova lei que entra em vigor neste ano, apenas cinco tipos de visto: de visita, temporário, diplomático, oficial e de cortesia. De qualquer maneira, mesmo de acordo com a lei antiga (o Estatuto do Estrangeiro, Lei n. 6.815/1980), o visto permanente “poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda se fixar definitivamente no Brasil” – o que, logo se percebe, não era, na verdade, a intenção do angolano (sua intenção, pelo que ele nos disse, era fixar-se em Angola e vir regularmente ao Brasil). Além disso, há especificidades relativas a quais estrangeiros poderiam requerer o visto permanente (por exemplo, ser cônjuge de brasileiro, ter prole brasileira, etc.), critérios que o angolano não satisfazia.

Quanto à possibilidade da mudança de visto temporário de estudante para visto temporário de trabalho, como o migrante tinha vindo ao Brasil pelo PEC-G – um programa focado na graduação de estudantes estrangeiros –, não é possível transformar seu visto em visto de trabalho, de acordo com a Resolução Normativa nº 124 do Conselho Nacional de Imigração (CNIg).

Após essa consulta à legislação, repassamos essas informações ao rapaz. Na verdade, por mais que não lhe seja possível mudar de visto, ele ainda poderá concretizar seus planos, mesmo sem o visto permanente. Para retornar ao Brasil e ficar brevemente por aqui, ele poderá obter, por exemplo, um visto de visita.

Para mim, o que de melhor pôde ser extraído dessa experiência foi, justamente, conhecer o migrante – saber o que ele faz aqui, conhecer sua visão, suas aspirações… E, do ponto de vista acadêmico, perceber que o conhecimento que parece relativamente claro e simples ao ser abordado em sala de aula precisa ser adaptado a um contexto real, muito mais complexo.

Relato do extensionista Christian Douglas da Silva Costa

Entre os casos que mais me marcaram durante os atendimentos, posso destacar a situação de um refugiado proveniente da República Democrática do Congo que buscou o auxílio do Projeto para formular um pedido de reunião familiar perante o Ministério da Justiça, com o objetivo de trazer sua esposa para o Brasil, casados por instrumento de procuração desde março de 2017. Contudo, as dificuldades começaram a aparecer.

Uma das dificuldades foi a excessiva burocracia exigida para a formulação do pedido. A documentação solicitada envolvia a documentação pessoal do chamante (refugiado que solicita a reunião familiar) e da chamante (no caso, a esposa que se beneficiará do pedido), o que tínhamos à nossa disposição, mas também se fazia necessário documentos específicos, como a certidão de casamento original, tradução da certidão devidamente autenticada, declaração de subsistência, holerites, extratos bancários, enfim, uma grande lista de coisas que muitas vezes são inacessíveis para nós, brasileiros, e que para o refugiado se torna ainda mais complicado conseguir. Outro problema foi o desencontro de informações fornecidas pelos servidores do Ministério da Justiça e os instrumentos normativos sobre os requisitos do pedido, gerando insegurança e incerteza. Ainda, o site para o cadastro e protocolo eletrônico do pedido contava com um sistema defeituoso, que só foi resolvido após contatos por telefone para o setor de TI do Ministério da Justiça.

Na data de 5 de julho de 2017, finalmente foi possível realizar o protocolo do pedido. Ainda faltam alguns documentos que serão anexados ao protocolo posteriormente e que ainda estamos conseguindo, como passaporte da chamada, carta de justificativa entre outros, uma vez que o sistema não oferece muitas opções para discorrer sobre a reunião familiar, fornecendo apenas um modelo de formulário a ser anexado.

A experiência como voluntário no Projeto Hospitalidade da Universidade Federal do Paraná vem sendo responsável por me proporcionar momentos únicos e de grande estima. Tive a oportunidades de lidar com casos mais simples até situações complexas como a mencionada, que exigem de qualquer atendente no plantão: disposição, seja para explicar quantas vezes for necessário para o refugiado, ligar para pessoas desconhecidas, mandar diversos e-mails ou redigir um texto, bem como exige empatia, tendo consciência do dever cívico de se colocar no lugar do próximo, na busca de uma sociedade mais solidária.

Relato da extensionista Valéria Ribeiro

            “Sobre todos os casos que já passaram por mim no Hospitalidades, é difícil escolher um que tenha sido o mais marcante, afinal a maioria das pessoas que vem até o projeto encontra-se em situação de vulnerabilidade em um país com a língua e a cultura completamente diferente daquelas com as quais estão habituadas. Então vou falar um pouco dos casos que contabilizam parte da maioria dos atendimentos do nosso projeto: a revalidação de diploma de curso superior feito no exterior. Acho realmente lamentável que em nosso país seja tão difícil revalidar um diploma, nesse processo são impostos vários obstáculos para aqueles que pretendem reaproveitar em território nacional aquilo que estudaram no exterior, além da obvia barreira da língua, há dificuldades na hora da inscrição, uma excessiva burocratização na exigência de documentos, não levando em conta que muitas pessoas, por serem refugiadas, tiveram que sair às pressas de sua terra natal porque corriam risco de vida, o conteúdo da prova que só é posto em edital poucas semanas antes da prova, questões que nem sempre são razoáveis, o curto prazo para a inscrição, entre outros pontos. Assim, além de uma mão de obra qualificada não ser aproveitada, essas pessoas, que possuem uma formação superior, e muitas vezes, inclusive, tem reconhecimento internacional, acabam sendo obrigadas a trabalharem em cargos que não correspondem a sua formação e que podem até mesmo causar um impacto psicológico negativo. Por exemplo, um médico sírio que possuí reconhecimento internacional, mas como não conseguiu revalidar o seu diploma acabou tendo que trabalhar como faxineiro em um posto de saúde, vendo diariamente, outras pessoas exercerem a sua função em atendimentos diários, o que dependendo do atendimento em questão ele poderia realizar de uma maneira melhor devido a sua especialização. Entretanto, devido a atuação do nosso projeto, já foram conseguidas várias melhorias no processo de revalidação, (embora alguns problemas permaneçam) como a flexibilização da documentação mediante justificativa, a possibilidade de isenção de taxa e a abertura de um edital no meio do ano (o que geralmente só ocorre uma vez, no final do ano). Pessoalmente, antes de trabalhar no projeto, eu não sabia que existiam tantas dificuldades para se revalidar um diploma, o que afetou a minha perspectiva de ensino superior em outros países, também é triste ver como se perde tanto por questões burocráticas, todos os migrantes para os quais a revalidação ajudaria a obter uma grande melhora de qualidade de vida terem essa oportunidade negada. Apesar de tudo, é muito gratificante quando se vê que um dos migrantes que passaram pelo projeto consegue completar o processo de revalidação e ter seu diploma validado no Brasil. Quanto a outros aspectos do programa, é sempre impactante ouvir histórias de pessoas que tiveram que fugir do seu próprio país, e possuem uma cultura e história totalmente daquela que estou a costumada a vivenciar no meu dia a dia, mas esse choque de realidade é bom para sair da minha bolha pessoal e da bolha que é a realidade da vida na universidade em que é e ver que existem problemas muito maiores no mundo.”

Relato da extensionista Suzana Silva

Uma mulher síria de 58 anos, formada na Escola de Formação Médica de Moscou em Assistência médica obstétrica, falante de quatro línguas das quais o inglês é o mais utilizado aqui, chegou ao Projeto e conquistou a simpatia de todos. Os motivos que a trouxeram ao Brasil não foram agradáveis, ela veio da Síria por medo da guerra que se alastra cada vez mais pelo país e que já matou muitas pessoas.

Apesar da extensa formação acadêmica e da rica experiência profissional e cultural, ela veio ao Brasil com seus filhos sem nada trazer consigo de seus bens materiais. Ainda que em condições desfavoráveis, mantém a mesma energia e disposição de sempre para recomeçar do zero, iniciando pelos estudos. Foi esse motivo que nos aproximou em uma tarde de segunda-feira no Projeto. Fiz sua inscrição para o processo de revalidação da Universidade Federal do Paraná.

Não foi tão simples encaixar sua formação acadêmica aos modelos de cursos de graduação oferecidos no nosso país. No Brasil, para atuar de forma independente em clínicas e hospitais, é necessário ter cursado Medicina e, dependendo da área em que se deseja atuar, ter feito residência médica. Esse processo formativo leva de 6 a 12 anos. Já em seu país de origem, a certificação de assistência médica, no caso dela com foco em obstetrícia e ginecologia, era suficiente para que pudesse ser dona de sua própria clínica e para que realizasse todos os procedimentos nos hospitais de forma autônoma.

Ela descreve sua atuação por anos em hospitais de maternidade, nos quais realizou mais de 300 procedimentos de parto. Infelizmente, toda essa experiência comprovada não foi suficiente para que pudesse revalidar seu diploma como médica de fato. Após debatermos junto aos integrantes do projeto qual seria a melhor adequação para a validade do diploma, decidimos que a Enfermagem era a grade curricular com maior equivalência. Tínhamos consciência de que não era o ideal em vista do histórico profissional dela, a refugiada, inclusive, menciona que passou por um curso técnico de enfermagem aqui no país, mas que esse era muito raso em conteúdo em comparação ao que ela já havia aprendido e realizado.

Sempre animada, em contrapartida das dificuldades, a mulher diz estar estudando a língua portuguesa e os conteúdos programáticos das provas exigidas para a revalidação. Ao final do atendimento e depois de uma longa e prazerosa conversa, entregou um chocolate a cada integrante do projeto, materializando seu sentimento de gratidão pelas pessoas que a atenderam e a auxiliaram. Fiquei muito feliz ao ver seu nome na lista de inscrições homologadas e estou na torcida para que ela se saia muito bem nos exames.

Cada sorriso e cada gentileza dessa pessoa vencedora de muitas dificuldades simbolizava, para mim, um sentimento genuíno de esperança. Em qualquer lugar, em quaisquer condições e em qualquer período da vida, se não perdermos o ânimo (a alma que nos move), podemos estar sempre alegres e sempre prontos para as jornadas rumo a nossa realização pessoal. E alegria, como me provou essa senhora, não é algo que vem do que está lá fora ou do lugar que habitamos, mas parte da perspectiva que temos dentro sobre o que nos atinge exteriormente.

Relato do extensionista Igor Zarnicinski

            Foi logo nas minhas primeiras semanas de projeto que me ocorreu o caso que mais me marcou. Duas mulheres entraram na sala, com um certo ar desconfiado — eram duas migrantes haitianas, ambas na segunda metade dos vinte anos. Uma delas estava no Brasil há mais tempo e já compreendia e falava melhor o português, e veio com sua amiga para ajudá-la na comunicação. Essencialmente, a necessidade efetiva de uma delas era obter informações sobre o processo de revalidação de diploma estrangeiro de Ensino Superior; ela queria, também, saber o que deveria fazer para se inscrever em um programa de mestrado em sua área de formação. Procurei as informações pertinentes, fiz o possível para explicá-las de maneira clara e compreensível, e me comprometi a enviar por e-mail explicações sobre pormenores que não conseguimos encontrar no momento ou que demandavam explicação por escrito, devido à sua complexidade.

Nessa situação concreta, eram três os problemas mais evidentes, ou que me pareceram mais evidentes: para ajudar a migrante, eu teria que primeiro transpor a barreira linguística. Por mais que houvesse uma amiga com ela, uma conversa “triangular”, com intérprete, implicaria em certa “perda na tradução”, adicionando um passo a mais na transmissão de informações que já eram complexas por natureza, mesmo para um brasileiro nativo. Havia também a barreira da desconfiança — a mulher a quem eu estava atendendo parecia um pouco receosa de fornecer identificação e detalhes de sua vida própria a um completo estranho, por mais que tivesse vindo até a sala do projeto para ser atendida. Por fim, a dificuldade mais óbvia era a de obtenção das informações necessárias; eu não tinha muita certeza quanto aos pré-requisitos para ingresso no programa de mestrado na UFPR, por exemplo.

Felizmente, o problema linguístico foi resolvido rapidamente, e com satisfatoriedade razoável: como o Haiti é uma ex-colônia francesa, o francês ainda é muito estudado por lá. Eu fiz um ano e meio de aulas de francês e, apesar de não falar perfeitamente, consigo entender e me fazer entender. Assim sendo, a maior parte do tempo falei com as duas mulheres nesta língua, me voltando à que residia há mais tempo no Brasil para que traduzisse frases mais complexas ou palavras mais obscuras. A desconfiança inicial não foi de todo vencida, e nem poderia ser, penso, com alguém tão longe de casa, num local tão novo e estranho, mas trilhei o caminho seguro na tentativa de diluir esse sentimento: tratei ambas as migrantes com franqueza e honestidade, mostrando estar fazendo o meu melhor em atendê-las, e busquei demonstrar sempre boa vontade e solicitude para com os problemas que me foram apresentados. A obtenção de informações foi feita da maneira usual, com perguntas aos colegas presentes na sala de atendimento ou através de buscas na internet.

Expliquei à migrante o procedimento para que ela revalidasse o diploma que possuía aqui no Brasil, e também o procedimento para que ela ingressasse no programa de mestrado da UFPR, em sua área de estudos, que era Administração Pública. Todavia, o último edital que encontramos e que abria processo seletivo para o mestrado em Administração tinha como requerimento a realização de uma prova anterior, de nível nacional (o “teste ANPAD”). Assim, me comprometi a pesquisar de que se tratava esse teste e enviar as informações por e-mail; me comprometi, também, a enviar o arquivo PDF do último edital do mestrado para que ela pudesse lê-lo com calma. Fiz ambas as coisas na semana subsequente, no meu dia de projeto, no intervalo entre atendimentos.

Como sempre, percebi o quanto é dura a vida do migrante: se muitos aspectos da vida no Brasil já são confusos para nós, brasileiros, quem dirá para essas pessoas que caem aqui de pára-quedas e tem que lidar com toda uma realidade nova? Quão difícil não deve ser deixar para trás diplomas, formação, família, amigos, praticamente ter que assumir uma identidade nova? Um ponto positivo dessa experiência foi ter percebido a importância de se aprender novas línguas, porém — não fosse por isso, talvez o atendimento não tivesse sido tão bem sucedido quanto foi. Ter essas novas possibilidades de comunicação e de ajudar as pessoas é um motivador a continuar estudando e me aprimorando!

Relato do extensionista Natan Adreis

Comecei no Projeto Hospitalidades em março de 2017 e, desde lá, por mais que tenham se passado apenas quatro meses, já vivenciei muitas situações, já conversei com muitos migrantes, conheci um pouco de suas histórias e busquei dar o melhor encaminhamento possível às suas demandas.

Lembro-me bem de dois venezuelanos e uma cubana (os nomes prefiro não mencionar para manter a privacidade) que atendi juntamente com meus colegas da quarta-feira, que estavam buscando a revalidação de diploma, sendo que eram tanto a cubana quanto os venezuelanos, refugiados no Brasil. Os venezuelanos buscavam revalidação na área de informática, e a cubana na área de música. Demos encaminhamento aos pedidos através de edital de revalidação aberto à época, mas o que mais me marcou aquele dia foram as histórias que essas três pessoas contaram.

Não é muito comum os migrantes se abrirem logo no primeiro encontro, mas com esses três desse dia foi diferente. Apresentaram suas demandas e, enquanto perfazíamos toda a burocracia do pedido envolvido (escanear documentos, preencher fichas, emitir guias), foram nos contando um pouco de sua história e sua jornada para chegar ao Brasil.

Quanto à cubana, lembro-me bem de que nos contou que havia saído às pressas de seu país, inclusive tendo que comprar o silêncio de oficiais do regime, justamente porque estava saindo fugida do regime ditatorial. Contou-nos que passou pelas florestas da América Central e também pela floresta amazônica (acredito que na Colômbia) até chegar ao Brasil, em Manaus. De lá até chegar a Curitiba, com certeza passou por dificuldades, como a falta de dinheiro, de habitação, de um emprego. Estava ali no projeto justamente porque esperava que, tendo revalidado seu diploma de música, conseguisse arranjar um emprego em alguma instituição de ensino de música na cidade.

Situação similar ocorreu com os venezuelanos. Fugiram de seu país cruzando a fronteira terrestre para o Brasil, chegando também a Manaus. Lá, tiveram a infelicidade de serem assaltados. Como não possuíam residência fixa lá também, os assaltantes levaram documentos, dinheiro, praticamente tudo que tinham. Chegaram até nós com um boletim de ocorrência, na espera de abonar a necessidade daqueles documentos que haviam sido roubados e, assim como a cubana, aumentar suas chances de conseguir um emprego aqui na cidade.

O que ficou, e isso consegui sentir em outros atendimentos (já atendi inclusive um haitiano que havia sido vítima de racismo em seu trabalho), é que muitos migrantes encontram dificuldades grandes ao sair de seu país (muitos que atendemos em situação de perseguição política, religiosa, ideológica, como esses que mencionei nesse relato), passam por privações desumanas na jornada até o Brasil (muitas vezes feita através de coiotes, e da pior maneira possível), e encontram grandes dificuldades aqui no Brasil também.

Passam por violações dos direitos mais básicos, necessários à existência digna de qualquer ser humano, mas, ainda assim, tem no Brasil a sua esperança de sobrevivência, pelo menos até que a situação em seu país melhore, pois, e isso deve ser dito, essas pessoas não saem de seus países por lazer ou porque querem. São, em maioria, forçados ao deslocamento migratório.

Justamente por isso, vejo a grande importância de projetos como o que desenvolvemos no Hospitalidades, onde buscamos possibilitar uma existência mais digna a essas pessoas, já tão calejadas das situações que vivenciaram. Justamente por tudo isso que posso dizer que estou grato de fazer parte de um projeto que busca, acima de tudo, ajudar pessoas, ajudar seres humanos que são tão seres humanos e tão dignos de respeito quanto qualquer um de nós.

Sofia Eloá de Oliveira Souza Bringhenti

  1. BREVE DESCRIÇÃO DO ATENDIMENTO
    Normalmente, quando fico na sala 28 e não é época de edital aberto de
    Reingresso/Revalidação, atendo um ou dois imigrantes que pedem informações sobre outros
    editais, sejam do MEC ou outro órgão que trabalhe com imigrantes.
    As maiores dificuldades que eu encontro estão, muitas vezes, no idioma. Muitas vezes
    não consigo compreender o que os imigrantes falam, mesmo sendo em português, mas não
    deixo isso impedir o atendimento.
    Na maior parte do tempo, eu fico com o Dr. Luiz Marlo atendendo as demandas
    judiciais.
  2. PRINCIPAIS PROBLEMAS
    Por conta de termos perdido todos os dados dos imigrantes com o vírus, fica difícil
    atender um imigrante que já teve uma demanda na sala e que teria os seus dados nos
    documentos perdidos.
    Muitas vezes, também, é difícil porque não conheço todos os procedimentos com que
    trabalhamos na sala. Sinto-me um pouco desorientada com isso, aprender na prática muitas
    vezes me gera insegurança.
  3. CAMINHO DA SOLUÇÃO
    Acredito que o melhor caminho para solucionar os problemas citados seria difundir
    mais informação para os voluntários, para evitar uma situação de equívoco muito grave, já
    que estamos trabalhando efetivamente com a vida da população que atendemos.
  4. ENCAMINHAMENTO
    O encaminhamento dos imigrantes é muito importante, como disse, porque
    trabalhamos efetivamente com a vida das pessoas que atendemos. Temos que tentar sempre
    conseguir a solução dos problemas que se apresentam, independente da dificuldade.
    Nem sempre consegui fazer isso, mais por falta de orientação, como aconteceu
    recentemente que uma imigrante pediu inscrição para o Celpe-Bras com intuito de
    naturalização, e eu não sabia que não fazíamos isso.
  5. E VOCÊ?
    O projeto é enriquecedor culturalmente, estar em contato com diferentes pessoas de
    diferentes nacionalidades seria algo impensável fora da UFPR. É um projeto que com certeza
    está ajudando muito a minha formação, não só como acadêmica, mas como ser humano capaz
    de empatia.

Georgia Colleone

Desde o início do ano os atendimentos na sala 28 têm sido um desafio para mim. Sinto sempre uma certa tensão e ansiedade toda vez que um migrante entra na sala, e imediatamente começo a pensar se serei efetivamente útil e se saberei informar adequadamente as questões que forem trazidas.

Algumas pessoas têm medo de falar em público (a chamada “glossofobia”), enquanto que eu, por outro lado, fico aflita e receosa em prestar atendimentos, um medo que me acompanha desde o início da vida profissional. E, por isso, o trabalho na sala 28 tem sido especialmente desafiador.

Além disso, tenho consciência de que as demandas que chegam até nós são sempre urgentes e requerem muita responsabilidade, tendo em vista que estamos lidando com a vida das pessoas que buscam auxílio no projeto.

De uma forma geral, a maior parte das situações que chegaram até mim foram relativamente simples, quais sejam, aulas de português, reingresso na universidade, revalidação de diplomas e interesse no vestibular.

Contudo, dois atendimentos me marcaram muito. Um deles foi de um rapaz do Egito, que não falava português e tinha um inglês mediano, que pretendia alterar o visto de turista para estudante, mediante ingresso em um curso superior na área de Sistemas de Informação.

Pesquisei muito, consultei colegas do projeto e a prof. Tatyana, e pude informá-lo que, de acordo com a Polícia Federal, para conseguir um visto de estudante não era necessário ingressar em curso superior, o que seria impossível neste caso em razão do idioma. Ele poderia, então, cursar aulas de português, no mínimo 15 horas por semana, para que obtivesse o visto.

Depois de solucionado este caso fiquei bastante aliviada, porque me pareceu que o rapaz pensava que eu estivesse já matriculando-o na universidade. Isso me fez refletir como a língua é uma grande barreira para a comunicação.

Outro caso que também me marcou foi de um venezuelano, que já foi atendido também por outros colegas, e que estava em situação de rua.

Verifiquei que os outros voluntários do projeto já tinham dado o devido encaminhamento às demandas que ele tinha (como encaminhá-lo para a FAS, para a defensoria pública, etc) e, infelizmente, naquele momento nada pude fazer. Cada atendimento me traz uma reflexão diferente, e me faz reconhecer os inúmeros privilégios que tenho, além de me dar a certeza de que a luta por um mundo menos desigual não pode parar.

Georgia Colleone

Desde o início do ano os atendimentos na sala 28 têm sido um desafio para mim. Sinto sempre uma certa tensão e ansiedade toda vez que um migrante entra na sala, e imediatamente começo a pensar se serei efetivamente útil e se saberei informar adequadamente as questões que forem trazidas.

Algumas pessoas têm medo de falar em público (a chamada “glossofobia”), enquanto que eu, por outro lado, fico aflita e receosa em prestar atendimentos, um medo que me acompanha desde o início da vida profissional. E, por isso, o trabalho na sala 28 tem sido especialmente desafiador.

Além disso, tenho consciência de que as demandas que chegam até nós são sempre urgentes e requerem muita responsabilidade, tendo em vista que estamos lidando com a vida das pessoas que buscam auxílio no projeto.

De uma forma geral, a maior parte das situações que chegaram até mim foram relativamente simples, quais sejam, aulas de português, reingresso na universidade, revalidação de diplomas e interesse no vestibular.

Contudo, dois atendimentos me marcaram muito. Um deles foi de um rapaz do Egito, que não falava português e tinha um inglês mediano, que pretendia alterar o visto de turista para estudante, mediante ingresso em um curso superior na área de Sistemas de Informação.

Pesquisei muito, consultei colegas do projeto e a prof. Tatyana, e pude informá-lo que, de acordo com a Polícia Federal, para conseguir um visto de estudante não era necessário ingressar em curso superior, o que seria impossível neste caso em razão do idioma. Ele poderia, então, cursar aulas de português, no mínimo 15 horas por semana, para que obtivesse o visto.

Depois de solucionado este caso fiquei bastante aliviada, porque me pareceu que o rapaz pensava que eu estivesse já matriculando-o na universidade. Isso me fez refletir como a língua é uma grande barreira para a comunicação.

Outro caso que também me marcou foi de um venezuelano, que já foi atendido também por outros colegas, e que estava em situação de rua.

Verifiquei que os outros voluntários do projeto já tinham dado o devido encaminhamento às demandas que ele tinha (como encaminhá-lo para a FAS, para a defensoria pública, etc) e, infelizmente, naquele momento nada pude fazer. Cada atendimento me traz uma reflexão diferente, e me faz reconhecer os inúmeros privilégios que tenho, além de me dar a certeza de que a luta por um mundo menos desigual não pode parar.

Vinícius Nascimento

Conheci o Projeto Refúgio, Migração e Hospitalidade do Programa Política Migratória e Universidade Brasileira em janeiro de 2017, quando naquela oportunidade da Semana do Calouro fui apresentado as atividades e ações realizadas pelo Projeto no Prédio Histórico da UFPR, bem como de toda a atuação e objetivo de transformação social e da garantia da dignidade da pessoa humana para a vida daqueles que desejam construir uma nova fase da sua história junto com a sociedade e Estado Brasileiro: os refugiados, apátridas e migrantes.

Hoje, atuando há 6 meses no projeto tive a certeza empírica de que sempre podemos auxiliar, ainda que com singelos conhecimentos e recursos, para a transformação social e para a alteração da realidade de diversas pessoas.

Em minha atuação no Projeto realizei diversos atendimentos, mas minha principal atividade realizada foi em relação ao atendimento de Refugiados que demandavam a emissão dos certificados de proficiência em língua portugues.

No atendimento dos referidos casos, conclui que há a necessidade de intensificar bem como criar canais de melhor diálogo entre a Sala 28 e o Projeto Português Brasileiro para Migração Humanitária.

Estabelecer formas de melhorar a integração entre ambos projetos, bem como melhorar a forma de diálogo é de suma importância para o desenvolvimento efetivo das atividades.

Ter de forma clara quem contatar, bem como onde encaminhar os Refugiados que demandam de atendimento específico em relação à língua portuguesa é de suma importância, pois em alguns casos nem o contato telefônico fornecido pelo próprio PBMIH possui conhecimentos ou respostas efetivas para os casos que chegam na Sala 28.

Reitero meus anseios de auxiliar a Sala 28 Na integração e melhora da relação com o PBMIH, bem como reitero meus anseios de auxiliar nosso Projeto com aplicação dos meus singelos conhecimentos jurídicos, técnicos e referente à idiomas e pesquisas, visando assim, realizar ainda mais transformações sociais e empírica na realidade brasileira..

Desejo por fim, auxiliar também com as questões de mídias sociais, design, tradução de documentos e todas as questões necessária referentes à divulgação, publicação e compartilhamento do projeto, objetivando que a Sociedade e especialmente o público-alvo do projeto, conheçam as atividades aqui realizadas. Agradeço novamente a oportunidade.

Rubens Novicki Neto -2019

Participo do PMUB há aproximadamente seis meses, e pouquíssimos dias foram tão movimentados como 10/07, quando uma extraordinária sucessão de eventos ocorreu. Tudo encontrava-se dentro da normalidade no atendimento da sala 28, mesmo na minha solidão, até que o intempestivo reinou entre uma impressão de livro didático e um telefonema da Delegacia da Mulher.

            Quase no final do expediente, apareceu-me uma venezuelana formada em Direito que buscava um guia de estudos para o teste de revalidação de diploma. Mostrei-a o edital, emprestei a bibliografia da biblioteca e comecei a copiar o livro para ela. Neste instante, tocou o telefone da sala: era uma delegada procurando pela prof. Tatyana e o contato de uma mulher haitiana, que no dia anterior tinha registrado um boletim denunciando violência doméstica. Nunca tinha sequer conversado com um delegado, muito menos sobre caso de polícia. Porém, ao assimilar a urgência da situação, mantive a calma e busquei melhor compreendê-la, uma vez a professora não estando presente. Fiz o que estava ao meu alcance e pedi a delegada que aguardasse em linha, roguei paciência à venezuelana, e contatei a professora por telefone. Prontamente obtendo resposta, ela me disse que também não dispunha do contato da mulher, pois compareceu junto a delegacia como tradutora e somente a Casa da Mulher Brasileira disporia do contato. Terminada a chamada, voltei à delegada e serenamente repassei as informações. Agradecida, ela desligou. Respirei aliviado, até olhar para o relógio, pois estava atrasado para um compromisso na Paróquia perto de casa. Assim, terminei as cópias, entreguei-as a imigrante e, ela infinitamente grata deu-me um sorriso e um sincero obrigado. Cansado e atrasado, encontrei nela um alegre alívio e rumei à Igreja, sabendo que fiz meu melhor.

            Como principal lição adquiri um senso de proporção mais sensível. A impressão do livro parecia-me, à primeira vista, banal e fi-la sem cerimônias; na perspectiva da venezuelana, ela estava depositando uma grande confiança em mim, pois revalidar o diploma era sua esperança de vida nova no Brasil. Em contrapartida, o telefonema da delegada pode ser sido normal e protocolar, enquanto que para mim foi um grande privilégio e orgulho ter resolvido, dentro do possível, a situação com destreza. No contato com o outro, sempre há um novo ponto de vista a ser descoberto, eis meu aprendizado.      

Ana Júlia Amaro Miyashiro

Estar no PMUB tem sido uma experiência muito gratificante. Eu entrei no projeto após assistir à apresentação desse na semana do calouro. Achei uma ideia fenomenal e percebi que poderia tirar muitas lições de uma experiência como essa, mas jamais imaginava quão profundas mudanças de atitudes diante da vida teria graças ao PMUB.

Lembro-me, em especial, de três irmãos venezuelanos que atendi em uma das minhas primeiras semanas do projeto. Eram um garoto e duas garotas. Como eu tenho um irmão e uma irmã, imediatamente, lembrei da minha família. Eles haviam deixado não só seu país de origem, mas também seus pais. Os irmãos me contaram que, antigamente, eram uma família de classe média, estudavam em colégios particulares, não lhes faltava nada de essencial. No entanto, com a crise que atingiu a Venezuela, perderam tudo, não tinham nem o que comer.

Os pais, então, decidiram enviá-los ao Brasil com o único dinheiro que lhes restava. Os irmãos entraram por Rondônia, e em seguida, vieram para Curitiba. Ao chegar aqui, não tinham nem onde morar, ficaram rondando as ruas por alguns dias até que uma Igreja os acolheu, dando-lhes moradia e comida. Eles passaram, assim, a buscar empregos. Uma das meninas conseguiu um emprego como caixa em um mercado, os outros dois seguiam procurando.

Inicialmente, eles buscaram a sala 28 pois queriam validar seus diplomas de Ensino Médio. Desse modo, no atendimento, eu os encaminhei para o Colégio Estadual do Paraná  após entrar em contato com esse para ser informada sobre os documentos necessários e os horários de atendimento.

Depois disso, os irmãos me disseram que tinha interesse em cursar o Ensino Superior no Brasil. Por uma feliz coincidência, o período para o pedido de isenção de taxa de inscrição no Enem havia se iniciado naquela semana. Logo, não pensei duas vezes antes de lhes falar sobre essa prova, uma vez que eu mesma ingressei na UFPR pelo Enem. Contei a eles que através do Enem era possível ingressar em diversos cursos em universidades públicas, expliquei-lhes sobre o modelo da prova e seu conteúdo. Eles pareceram encantados com essa ideia, e então, fizemos as inscrições para o pedido de isenção de taxa.

Por fim, disse-lhes que para a prova era necessária a realização de uma redação em português. Dei a eles um papel com o endereço e horário do curso de português gratuito. A família saiu da sala 28 muito agradecida.

Embora tenha ficado muito feliz em realizar aquele atendimento, foi inevitável não pensar que aquela poderia ser a minha família, poderia ter sido eu e meus irmãos. Por uma simples diferença de local de origem, poderia ter sido nós. Lembro-me de ter refletido sobre essa questão pela semana toda e sentir-me extremamente grata por tudo aquilo que tenho. Até agora, o PMUB tem me ensinado a olhar para vida com outros olhos. Tenho certeza de que levarei esses ensinamentos para sempre comigo.

Pedro Abrantes Martins-2017

Em abril deste mesmo ano, uma migrante cubana, foi à sala 28 em busca de auxilio referente ao processo de revalidação do Ensino Médio que concluiu ainda em seu país natal. Ela relatava que a falta de um diploma restringia suas opções, deixando-a desempregada, de forma que mal conseguia sobreviver em Curitiba, tampouco auxiliar sua família — filho e pais — que seguem residindo em Cuba. Através de trabalho em grupo e troca de informações entre os voluntários do projeto, pude encontrar o telefone da Escola Estadual do Paraná — o setor responsável pela revalidação de estudos estrangeiros —  e contatá-los. Auxiliei como pude, informado-a acerca dos documentos necessários para que efetuasse o processo, bem como fornecendo meu contato pessoal.

A migrante, mais tarde, retornou com seus documentos para que fossem escaneados e levados à Escola Estadual do Paraná a fim de que desse cabo ao processo. Ela mostrou-se muito agradecida. Contou mais sobre sua família e especialmente seu filho, que pretende trazer ao Brasil futuramente. Comentou ainda que retornaria ao projeto com ele para introduzir-nos, pois ficou muito encantada com todos os voluntários que a auxiliaram. Alguns dias depois enviei mais uma mensagem a fim de saber sobre o processo, que, de acordo com seu relato, parece ter ocorrido bem.

Essa experiência foi de longe a mais emocionante do projeto. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de auxiliar uma migrante do início ao fim e verificar a alegria que expressava por gestos tão simples. A experiência como voluntário junto ao Hospitalidades é gratificante e muito rica. Pude exercitar meu espanhol, confortar alguém que passava por necessidades, além de auxiliá-la em algo que pode melhorar drasticamente sua estadia no Brasil. Espero participar de mais inúmeros momentos como esse com o Hospitalidades. É maravilhoso experienciar essa gratidão mútua e troca de conhecimentos enriquecedora que minhas segundas-feiras à tarde me proporcionam.

Isabela de Oliveira Soares

Em junho, na semana em que ocorria o mutirão do CONARE para as entrevistas de pedido de refúgio, atendi uma mulher síria. Ela estava na faculdade pois tinha marcado sua entrevista para aquela tarde, 4 de julho, conforme as instruções passadas pela Professora Tatyana.

No entanto, o atendimento ocorreu justamente pelo fato de que houve algum erro no encaminhamento da sua inscrição, ou seja, não havia horário marcado para entrevista, pois o CONARE nunca recebeu as informações dela.

Diante disso, entrei em contato com o responsável por organizar as inscrições e fazer o repasse dos horários das entrevistas. Ele também não soube o que poderia ter acontecido, porque realmente as informações foram recebidas e marcou-se o horário.

Por fim, ele passou a situação para a Professora Tatyana e o representante do CONARE encarregado. O encaminhamento para a situação da migrante síriafoi listá-la com antecedência para o próximo mutirão, que a princípio deverá ocorrer agora no mês de agosto, e avisá-la do início do processo de inscrições.

Infelizmente, erros e problemas acontecem, mesmo que na sala 28 todos os dias nós trabalhamos para resolvê-los. Esta experiência foi importante, por mais decepcionante e frustrante que tenha sido, pois demonstra que nem sempre as coisas vão de acordo com o planejado, e deve-se sempre buscar a melhor saída, que atenda às exigências da situação.

Também me mostrou o tamanho do desamparo que estes migrantes enfrentam em nosso sistema brasileiro, a profunda necessidade de conseguir o refúgio e o impacto sobre suas vidas. Caso ela não consiga fazer esta entrevista em agosto – algo que eu espero que não aconteça – só posso imaginar as consequências disso para sua vida e permanência em território brasileiro.

Fico extremamente grata pelas respostas rápidas tanto do responsável pelas inscrições quanto da Professora Tatyana para tentar descobrir o que poderia ter ocorrido de errado no processo da Luna, bem como para já abrir a lista dos interessados no próximo mutirão, a fim de que que ninguém fique para trás.

  

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